sexta-feira, 13 de maio de 2011

O drama da Super Copa Brasil

O basquete costuma me reservar algumas surpresas, e a noite da última quinta-feira foi uma delas. Quando eu resolvi ir ao ginásio do Tijuca Tênis Clube para acompanhar as semifinais da Super Copa Brasil, não sabia exatamente o que esperar. Pois, presenciei algumas das reações mais emocionantes que já vi no basquete nos últimos tempos.

Ora, é óbvio que eu sabia que as duas partidas valeriam a chance de entrar no NBB, mas este sempre foi o ponto que me deixava com uma pulga atrás da orelha em relação à Super Copa Brasil. Até que ponto as equipes participantes, ainda que sabendo previamente dos requisitos, confiavam nessas vagas? Estariam as respectivas diretorias efetivamente interessadas e comprometidas? Por outro lado, qual seria o tamanho da boa vontade da LNB no sentido de confirmar o acesso?

Mas a verdade é que a emoção transmitida pelas quatro equipes, derrotadas e vitoriosas, deram-me a certeza de que os semifinalistas tinham a convicção de que a Super Copa de fato era a porta de entrada para a elite do basquete nacional. E, a impressão deixada na conversa que tive com Lula Ferreira, coordenador técnico da LNB, foi no sentido de que as portas do NBB de fato estão mesmo abertas para as duas equipes classificadas para as finais (vide áudio no final). 

Lula ressaltou que as exigências, dentre elas o pagamento da franquia, terão de ser cumpridas, mas disse que ficou muito otimista com a conversa que teve com a diretoria das equipes da Super Copa, antes mesmo das semifinais. 

Injustificadamente, o ginásio recebeu um público bem modesto, inferior inclusive a um Tijuca x Cabo Frio que assisti, durante o Campeonato Estadual do Rio de Janeiro.

Em quadra, duas partidas com histórias distintas:

Tijuca x São José/AP

De um lado, uma das mais tradicionais e queridas equipes do Rio de Janeiro, buscando recuperar parte do espaço perdido pelo basquete do estado nos últimos anos. De outro, uma equipe responsável por inserir no mapa esportivo brasileiro o tão pouco comentado, mas não menos brasileiro, estado do Amapá. De um lado Olívia, de outro, Janjão. Duas provas vivas de que o basquete masculino brasileiro já foi olímpico um dia.




O Tijuca dominou a partida desde o início, mas sempre com uma vantagem pequena que, por muitas ocasiões, era completamente dissipada pelo São José. Coube a Timothy Benson Jr., com status de ídolo conferido pela pequena torcida, e ao veterano Ricardinho a tarefa de comandar os cariocas. O São José, por sua vez, contava com a força e a eficiência do ala-pivô Marcos Hubner para conquistar a maior parte dos seus pontos.

Entrando no minuto final, o Tijuca conseguiu abrir uma vantagem confortável. Contudo, a desatenção tomou conta da equipe carioca e o argentino Gaston, que vinha tendo uma atuação muito fraca, comandou uma reação incrível: o São José tirou uma vantagem de 6 pontos em cerca de 40 segundos, levando a partida para a prorrogação. Torcida e jogadores do Tijuca ficaram incrédulos.

A prorrogação começou a todo vapor, com as equipes trocando cestas de 3 pontos. No entanto, entre muitos veteranos, coube ao jovem Marcellus o papel de decidir a partida nos últimos 2 minutos, para festa do Tijuca (vide vídeo abaixo).



Ao fim, um bate-papo com o técnico do São José, Betão, explicava bem a principal diferença entre as duas equipes. Enquanto o Tijuca já tinha a equipe formada há meses, a mesma que disputou o campeonato estadual, a equipe do Amapá só conseguiu reunir todos os seus jogadores no Rio de Janeiro, fazendo apenas 3 treinos antes da Super Copa.

Entrevista com Ricardinho, jogador do Tijuca:





Entrevista com Olívia, jogador do Tijuca e atleta olímpico em 1996:





Entrevista com Janjão, jogador do São José e atleta olímpico em 1996:





Entrevista com Betão, técnico do São José/AP:






Liga Sorocabana de Basquete x Rio Claro

Aqui duelavam duas velhas conhecidas equipes. Defendendo o sempre organizado basquete do interior paulista, Rio Claro e LSB já se enfrentaram inúmeras vezes durante a temporada, tanto pelo Campeonato Paulista, quanto pela Copa Sudeste, incluindo, neste último caso, o confronto na série final.




Por esse motivo, e por estar em jogo a última vaga na "cota" dos paulistas no NBB, a partida começou tensa, com Atílio e Léo (aquele mesmo! Ex-Botafogo, ex-Flamengo...) duelando com Gorauskas e Daniel no garrafão. No entanto, foi a velocidade do minúsculo armador Kenny Dawkins que deixou a equipe de Rio Claro sem resposta. No melhor estilo Earl Boykins, o norte-americano levou a defesa adversária à loucura, e a equipe de Sorocaba conseguiu abrir uma vantagem de 10 pontos ainda no segundo período. 

Diferentemente da partida anterior, apesar do esforço de Lima, um dos melhores da noite, não houve surpresas no final. Vitória de Sorocaba, que foi seguida de um banho de lágrimas, de emoção pelos sorocabanos e de tristeza pelos de Rio Claro.

Entrevista com Rinaldo Rodrigues, técnico da Liga Sorocabana:





Entrevista com Lima, jogador de Rio Claro:






O saldo final

A Super Copa Brasil veio para ficar. Vale dizer, o nível técnico da competição não se compara ao do NBB. Longe disso, na verdade. Alguns dos super veteranos (caso de Janjão, Ricardinho, por exemplo) e muitos jogadores que perderam espaço na principal competição do país conseguem se destacar bastante na competição (Gorauskas, Soriani, Casé, Atílio, Daniel...). Numa análise superficial, o nível técnico das duas vencedoras pode ser comparado ao das 3 últimas colocadas no último NBB (Assis, Vila Velha e Vitória), o que não é nenhum demérito.

No entanto, a competição oferece algo que não pode ser encontrado no NBB: a dramaticidade. As reações das equipes nessas semifinais, vitoriosas e derrotadas, superou em muito qualquer comemoração por título do NBB que eu já tenha visto. Por conta desse aspecto dramático, tenho quase certeza que as semifinais da próxima edição serão transmitidas pelo canal fechado.

Por outro lado, alguns jogadores que ficaram pelo caminho na Super Copa deveriam ser pinçados por equipes do NBB, como Lima (Ulisses), Marcos Hubner, Gustavo e Gilsinho, apenas para citar atletas das equipes derrotadas nas semifinais.

Agora, o maior benefício trazido pela Super Copa certamente foi o fato de ter conseguido reunir num mesmo ginásio times de todos os vértices do país. Estavam representadas no Tijuca Tênis Clube: Macapá, Caxias do Sul, Campo Mourão, Sorocaba, Rio Claro, Sinop, Recife e Rio de Janeiro. Uma diversidade geográfica que há muito tempo não se via no nosso basquete.

No fim das contas, "garantiram" vaga para o NBB não apenas as equipes com os maiores investimentos, mas principalmente aquelas que se planejaram melhor. Hoje, Tijuca e Liga Sorocabana se enfrentam pelo título da Super Copa Brasil e por uma vaga em competição sul-americana, que será (injustamente) conferida ao vencedor. A partida será transmitida ao vivo pelo Sportv, às 16 horas.


Confira no áudio abaixo as impressões de Lula Ferreira, coordenador técnico da LNB:

Entrevista com Lula Ferreira, coordenador técnico da LNB:




OBS: Com exceção da entrevista com Lula Ferreira, a qualidade do áudio das entrevistas ficou muito ruim, por conta do barulho e da acústia ruim do ginásio. Assim, se você ficou com alguma dúvida ao ouvir, não deixe de postá-la na caixinha.

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