quarta-feira, 22 de junho de 2011

Entrevista exclusiva com Leandro García Morales, o cestinha uruguaio


Para quem acompanha o basquete latinoamericano, Leandro García Morales, o LGM, dispensa apresentações (se você é um desavisado, clique aqui). Dono de uma das mãos mais certeiras do continente, o ala que faz 31 anos na semana que vem, é presença constante nas fases decisivas das principais competições do continente. Sua maior façanha foi o título sulamericano pelo Biguá, em 2008, quando foi cestinha e MVP da competição.

Quem nos acompanha desde os tempos de Draft Brasil, muito influenciados por indicações de nosso camarada Raoni Moretto, sabe da admiração que temos por esse exuberante jogador. Dono de um arsenal ofensivo praticamente completo, seu estilo e nível de jogo se equiparam ao de Marcelinho Machado, ala do Flamengo, mais potente cestinha do basquete latino.

Não por acaso, Leandro é um dos mais bem pagos atletas da América Latina. No momento, atua pelo Cocodrilos da Venezuela na fase de playoffs, mas tem contrato com o Halcones Xalapas no México (algo que costuma ser comum no basquete desses países). Na noite de ontem, foi responsável por 16 pontos na partida em que o time de Caracas abriu 2-0 contra o Trotamundos na semifinal do campeonato venezuelano.

Leandro foi o primeiro entrevistado do Giro no Aro. No entanto, como o site ainda estava bem no começo, guardamos sua entrevista para um momento em que tivéssemos mais leitores. Por isso, algumas respostas podem não ser exatamente quentes (ou podem até estar desatualizadas) e, além disso, alguns temas que hoje seriam mais importantes, na época foram tratados com menos relevo.

No entanto, pela simpatia e o caráter solícito de Leandro, pela sua qualidade de jogo e aproveitando a confirmação de sua presença na seleção uruguaia que disputará o Pré-Olímpico de Mar del Plata logo mais (a convocação saiu ontem), julgamos agora, com mais tempo de Giro no Aro e perto da primeira centena de visualizações, um momento adequado para dar palavra a esse grande jogador. Nos desculpamos de qualquer imprevisto que possa ter mudado as respostas da entrevista feita em meados de abril.

Primeiramente, gostaria de saber se você continua no Halcones...

Tenho mais um ano de contrato com o Halcones de Xalapa e não temos falando em terminá-lo. Meu contrato é garantido e por ora, não tenho intenção de deixar a equipe. Não sei se Halcones me tem em seus planos para o ano que vem. Tenho entendido que sim.

Como você tem visto o mercado brasileiro nesses últimos anos? Acha que podemos acompanhar as melhores ligadas da América Latina?

Sim, sem dúvidas. O basquete brasileiro é dos melhores do continente e agora que fizeram a liga nacional, estou seguro que vá crescer ainda mais. O jogador brasileiro tem um talento enorme, agora falta que os treinadores e os dirigentes desenvolvam melhor todo esse talento que têm. Creio que já é uma das melhores ligas da América Latina.


Vamos falar um pouco de sua carreira. Você começou como um Aggie, não é? Pouca gente sabe disso. Como foi jogar a Big 12? No que isso te ajudou a ser o scorer que é hoje?

Fui aos EUA com 17 anos a uma High School e depois fui a Texas A&M. Creio que sim, me ajudou muito jogar nos EUA porque lá se dá muita importância à técnica individual e ao jogo um contra um.

Logo no começo da carreira você também passou pelo basquete italiano. Por que não continuou jogando por lá?

Quando saí da universidade fui à Itália dois anos, mas logo minha mulher ficou grávida e então voltei ao Uruguai para que minha filha nascesse no Uruguai. Logo quando iria voltar à Europa, minha equipe no Uruguai me fez um contrato muito bom e fiquei dois anos (Biguá). Desde então, o Halcones de Xalapa e o Cocodrilos de Caracas me fazem contratos muito grandes e por isso não voltei à Europa. Tenho ofertas da Europa, mas com a crise econômica as ofertas não são muito boas.

Ainda sobre a Europa. Como tem visto o momento de Esteban Batista? Ele teve certas dificuldades na Rússia, voltou para a América do Sul e agora faz ótima temporada, sendo inclusive contratado pelo atual campeão espanhol.

Sim, Esteban está fazendo uma carreira muito linda. Começou muito bem o ano com o Fuenlabrada e agora fechou um contrato de 3 anos com o Caja Laboral. Tem potencial para ser um dos melhores pivôs da Europa. Tomara que aproveite essa oportunidade.

Você e ele, talvez ao lado de Osimani, são os principais nomes da celeste para os próximos anos. Recentemente vocês tiveram alguns problemas com a confederação e inclusive um princípio de greve. As coisas mudaram? Como está a organização do basquete uruguaio hoje?

Pois é. Ainda não se solucionou nada, só há palavras por parte da confederação que as coisas vão mudar, mas ainda não mudou nada (a entrevista foi feita em meados de abril). Espero que não deixem tudo para o último momento, porque vem pela frente um torneio muito duro e para ele necessitamos estarmos muito bem preparados para ter uma boa atuação. Sabemos que classificar é quase impossível, mas devemos enfrentar o torneio com seriedade e trabalho como no último sulamericano.

Como você espera essa competição? O Brasil deve ter desfalque de Anderson Varejão. Leandrinho e Nenê ainda são dúvidas. Além da Argentina, que é favorita óbvia, como você as principais forças de Mar del Plata?

Creio que a Argentina é o candidato, e depois Brasil e Porto Rico estão um nível acima de todos outros. Depois está Canadá, Rep. Dominicana, Uruguai e Venezuela que dependem de como chegam ao torneio para ver se têm alguma chance. Vai ser um torneio muito duro, mas há muito tempo sempre decidem as mesmas equipes.

Quem são os melhores jogadores atuando hoje na América Latina na sua opinião? E no mundo?

Muitos me ocorrem. Mas uma boa equipe seria: Osimani, Alex, Guilherme Giovannoni, Diego Logripo e Jack Martinez. Mas existem muitos outros jogadores. No mundo há muitíssimos, mas para falarei de jogadores como Kobe Bryant (o melhor), Manu Ginóbili, Juan Carlos Navarro, Milos Teodosic, entre tantos outros. Podemos nomear centenas de jogadores de todo o mundo.

É um grande time... Quem seria o treinador?

Aqui na América Latina eu gosto muito de Nestor García, Rubén Magnano e Julio Llamas. Na Europa, Ivanovic ou Messina. Na NBA, Phil Jackson ou Poppovich.

No último Mundial de Futebol, o Uruguai voltou aos holofotes do mundo com uma competição magnífica na África do Sul. E ainda gostaria de saber se pensa que de alguma maneira o bom momento no futebol (que também voltará as Olimpíadas em 2012) pode chegar aos outros esportes, como no caso do basquete.

Esse mundial que passou foi para todos os uruguaios um momento mágico e dos que não se acontecem muitas vezes na vida. No futebol se vem fazendo um bom trabalho, sobretudo nas divisões juvenis, creio que é aí onde o basquete necessita muitíssimo ainda. Há um ivro de El Tato Lopez (o melhor jogador de basquete da história do Uruguai) que recomendo para entender esse processo que se deu com o futebol e porque Uruguai terminou em quarto. O livro se chama "a festa inesquecível".

Leandro, queria saber por fim, quem é Leandro García Morales fora das quadras...

Sou muito tranquilo, agora tenho dedicado todo o tempo que posso a minha filha que tem 3 anos e quando estou jogando é bem difícil dedicar tempo a ela. Quando estou no Uruguai aproveito para ver minha família e amigos que durante o ano é bem difícil.

Agradeço Leandro, desde já, a atenção e o tempo. Foi uma das melhores entrevistas que já fiz.

Valeu! Quando sair, me passa o site para eu ver a entrevista!

6 comentários:

  1. Ótima entrevista.

    Destaco a seleção ousada que ele montou ali. Tirou até um Jack Martínez na 5. Genial.

    É um baita jogador e mostrou ser muito centrado e conhecedor do jogo.

    Abraços e valeu pela citação.

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  2. Muito boa entrevista!!

    Joga muito...

    Falaram dele vir pro Minas ano passado, pela amizade com o Néstor, mas infelizmente não veio...

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  3. Bacana

    grande jogador

    Gustavo Ganso 'GuTO'

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  4. Grande entrevista! Parabéns.
    Morales é um baita jogador e mostrou que conhece do jogo.
    Da entrevista deu pra tirar que os mesmos problemas daqui eles têm lá. Confederação inoperante quando o tema é renovação.
    Essa seleção do Uruguai não é fraca não.... Com os jogadores da NBA nosso time ganha deles, mas se eles não vierem fica um jogo parelho, heim!
    Lucas.

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  5. Espero que o Uruguai faça um trabalho de base parecido com o que tem feito no futebol. Seria ótimo pro basquete do continente. Grande jugador!

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  6. no entiendo ni papa de lo q dice ese articulo

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