quinta-feira, 7 de julho de 2011

Lance derradeiro: a opinião do Coordenador Pedagógico da ENTB

Ainda no debate sobre a bola que, por fim, acabou selando o destino da seleção brasileira no Mundial Sub19, recebemos uma excelente contribuição do Professor Dante De Rose Junior, Coordenador Pedagógico da recém-criada Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol.

Em resposta ao meu questionamento, o professor Dante teve a gentileza de me enviar a seguinte resposta:

"Alfredo,

É muito difícil tomar uma decisão nesse momento. Teoricamente, a falta seria a melhor solução. Mas como você mesmo disse, não tiraria o risco da derrota. Se a opção fosse pela falta deveria ter sido feita assim que o jogador recebesse a bola para não correr o risco da arbitragem entender que o atacante estivesse no ato do arremesso e aí teríamos 3 lances-livres.

Temos que entender que o jogador (no caso o Raul) está muito pressionado e tem que tomar uma decisão em milésimos de segundo. Não podemos julgar ou mesmo culpar pela decisão tomada. Também não sabemos o que foi dito no tempo, pois não havia som suficiente para isto.

Também não há uma postura acadêmica para isto. Depende de vários fatores como a situação do jogo, a conversa no tempo, o jogador envolvido, enfim não há como determinar um padrão de comportamento.

Também temos que considerar que um arremesso desse tipo é improvável. Lembre-se do arremesso do Ginobili contra a Sérvia? Foi igual. Ele estava caindo, praticamente fora da quadra e a bola caiu. O Sérvio deveria ter feito a falta?

É complicado.

Espero ter ajudado.

Prof. Dr. Dante De Rose Junior
Escola de Artes, Ciências e Humanidades - (USP)
Curso de Ciências da Atividade Física."

Ajudou muito, sem dúvida. Aliás, a mensagem transmitida pelo Professor Dante não é muito diferente de artigo publicado pela ESPN há 2 anos sobre a polêmica situação de "vantagem de 3 pontos, posse do adversário". Embora aborde diversas variáveis e cite diversos especialistas, o autor do texto não consegue chegar a uma conclusão definitiva sobre a melhor solução, apenas sugerindo que para fazer a falta o cronômetro deva apontar no máximo 5 ou 6 segundos no momento da reposição. Ontem, o cronômetro apontava 6 segundos, ou seja, exatamente na zona limítrofe considerada pelo artigo.

É um tema que eventualmente será aprofundado dento da nossa ENTB. No entanto, tenho claro que se o basquete brasileiro quiser dar passos largos rumo às grandes vitórias, terá que enfrentar problemas muito mais profundos e sérios do que simplesmente uma decisão de fim de jogo.

4 comentários:

  1. Gostaria de colocar um novo ponto para a discussão. Além da escolha entre fazer falta ou não, vi e revi varias vezes o lance derradeiro , e observei um outro fato: a escolha do posicionamento defensivo do Raulzinho: sem bloqueio, o Raulzinho podia ter mantido uma postura mais agressiva na defesa, no momento em que ele "levantou" e ergueu os braços, o argentino que ainda tinha o controle da bola cortou e achou um espaço mesmo desequilibrado para o arremesso. Se a decisão foi por não fazer a falta e não houve bloqueio o Raulzinho também poderia ter mantido um postura defensiva mais agressiva. Ponto para a discussão!! o que acham?

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  2. Fato é que perdemos por outros fatores. Por exemplo, contra a Rússia, pelo que soubemos, foi do meio da quadra e bem marcado. E entrou...
    Acho que toda vez que revermos o lance sempre acharemos algo que poderia ter sido feito diferente ou de forma a dificultar . Enfim, simplesmente a bola de longe, forçada e "desequilibrada" entrou.

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  3. Tem razão Fábio, nesse caso é 50% de chance,entra ou não, desequilibrado e com cronometro estourando, para nosso azar... entrou... mas realmente analisar o resultado pelo lance final é complicado, e você fez ótimas ponderações com relação ao jogo.
    Se for pensar de forma tão simploria, (perdeu na última bola) então poderiamos dizer... ah se ele tivesse acertado aquele lance livre...

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  4. Fala Alfredo, excelente este seu texto e também a explicação do professor doutor Dante de Rose. Essa situação de final de jogo é mesmo complicada, mas o mais certo era o Brasil não ter cometido erros em demasia, fato este que deu a chance do selecionado argentino ficar três pontos a frente nos segundos finais do jogo. Vale lembrar que chegamos a liderar o placar com boa margem de pontos e perdemos isso muito rápido.

    O mesmo aconteceu contra a Rússia. Por isso, ao meu ver, senti falta de um comando técnico mais eficiente, situação esta que vem se repetindo há vários anos e em diversas categorias de base!

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