sábado, 23 de abril de 2011

A vitória do plano de jogo

Disse que voltava amanhã mas consegui tempo para voltar hoje. Tempo pra dizer, em tempo, que a vitória do Obras marcou a vitória de um aspecto fundamental da estratégia de basquete: o plano de jogo.

O do Obras foi objetivo. Baseava-se em anular Shamell, colocando nele a principal arma defensiva do time, Martin Osimani. No sistema ofensivo, saber ler com calma as posses de bola sem precipitar arremessos, forçando a defesa do Pinheiros a se movimentar e criar lacunas em seu próprio sistema.

Foi possível ver isso do começo até o fim do jogo. Por bons momentos, o Pinheiros soube se fazer valer da capacidade técnica de seus jogadores (pra mim, defensivamente, Morro e Figueroa foram quase impecáveis). No entanto, é raro ver equipes repetindo com calma seu plano de jogo em momentos decisivos. O Obras assim o fez, o Pinheiros não.

O Pinheiros não fez por dois motivos. Ainda quando tinha Figueroa em quadra, o time optou, por diversas vezes, em forçar no jogo individual de Shamell e Marquinhos. O velho sistema de criar desequilíbrio a partir de ISOs faz sentido num tipo de liga como a NBA, que praticamente proíbe uma defesa de ajuda mais efetiva (ainda assim, é só ver o que tem acontecido com Carmelo Anthony para dizer que nem por lá isso tem funcionado), até poderia fazer sentido. Aqui é a pobreza tática mais acentuada. Com a saída de Figueroa (injusta, ao meu ver, uma vez que não fez pelo menos duas de suas cinco faltas), a opção ficou ainda mais focada nos dois jogadores. O outro motivo é a falta de um armador reserva que consiga dar conta. É um problema sabido do elenco do Pinheiros. André Góes, que fez uma partidaça ofensivamente, é um bom reserva para as posições 2-3. Como 1, obriga Marquinhos e Shamell a um protagonismo de pensar o jogo que não estão preparados tecnicamente para realizar.

Sobre o Obras, dois momentos, nos segundos finais, mostraram a calma para saber fechar. O primeiro, a pouco mais de um minuto pro fim, quando Osimani, esquecido e zerado, recebeu uma bola livre no lado fraco da defesa pinheirense, depois de longo trabalho de dupla no setor oposto da quadra. Livre e frio, matou a bola. Mais importante ainda aquela jogada final, uma variação que Llamas treina para situações de jogo. A jogada era outra, mas a variação possível - e que ocorreu - depende do que a defesa adversária permite. A cesta de McFarlan que matou o jogo foi treinada e friamente executada.

O Pinheiros perdeu para o melhor time da liga argentina, que chegará por lá gabaritado na tentativa do título nacional da principal liga latinoamericana. Sob as mãos de um comandante gabaritado e experiente. Um timaço de basquete.

2 comentários:

  1. realmente, foi uma bela festa na capital
    fiquei mto feliz de ver o ginásio cheio
    pena que perdemos. defesa ruim, aproveitamento ruin nos lances livres. escolhas ruins no final do jogo. paciência, trabalhar para seguir melhorando.
    como dito no post, são deficiências não só do ecp basquete, mas de todos os times brasileiros (e quase sempre da seleção tb)
    torço pra q as coisas evoluam mais rapidamente no nosso basquete brasileiro

    jônathas

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  2. *aproveitamento ruim

    jônathas

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