sábado, 30 de abril de 2011

Nau brasileira na Espanha

A temporada regular do campeonato espanhol (ACB) está chegando na reta final. No entanto, uma coisa já está definida: 4 brasileiros foram rebaixados para a 2a divisão juntamente com as suas equipes. Com o lanterna Menorca Basket, caiu Caio Torres, e com o Granada caíram mais 3: Augusto Cesar Lima, Rafael Freire e Paulão Prestes.

A situação de alguns destes conterrâneos expõe casos de jovens jogadores que atravessam o oceano em busca de uma ascensão no basquete, mas que acabam encontrando dificuldades em se firmar e desperdiçam parte do seu potencial na Europa.

O caso de Caio Torres talvez seja o mais emblemático. O pivô saiu do Brasil com apenas 16 anos, contratado pelo Estudiantes (mesma equipe do pivô Lucas Nogueira). Não chegou sequer a estrear em sua equipe e foi emprestado para o Rayed Guadalajara (3a divisão da Espanha). No ano seguinte, foi emprestado ao Paulistano, onde passou 2 meses antes de retornar ao Estudiantes, equipe em que conseguiu ficar por 3 anos antes de começar uma nova perignação por Melilla Baloncesto e Menorca, onde atuou nesta temporada. O curioso é que Caio ainda tem 23 anos.

Paulão, também com 23 anos, não vive uma situação muito diferente. Saiu do Brasil com 16 anos rumo ao Unicaja. No ano seguinte, foi um dos principais destaques individuais do Campeonato Mundial Sub17. Naquele momento, Paulão parecia ter um futuro garantido na NBA. No entanto, o pivô passou 2 temporadas se revezando entre o Clinicas Rincón Axarquía e o Unicaja, até ser emprestado para o Murcia na última temporada, onde sofreu uma grave lesão no tornozelo. Finalmente, rompeu seu contrato com o Unicaja e foi para o Granada no início desta temporada. Um pouco antes disso, fora escolhido (ele estava disponível pela idade limite) no segundo round do Draft 2010 pelo Minnesota Timberwolves. Nada muito animador, já que historicamente pouquíssimas escolhas desta posição (45a) são aproveitadas.

Os casos de Rafael Freire e de Augusto Cesar Lima se distinguem dos citados acima em razão da idade, já que ambos têm apenas 19 anos. Os dois são promissores talentos, mas já vivenciam uma pequena rotina de mudanças que inclui Unicaja (clube que detém o direito federativo dos dois), Clinicas Rincón Axarquía e, mais recentemente, o Granada.

A lista de "nômades espanhóis" não se limita aos que foram rebaixados, obviamente. Há casos como o de Marcus Vinicius Toledo, que chegou a servir regularmente a seleção e simplesmente desapareceu e os de Vitor Faverani e Rafael Hettsheimeir, que ora aparecem, ora somem nas mais diversas divisões espanholas.

Todos esses casos nos levam a seguinte reflexão: será que ir cedo para a Europa é mesmo o melhor caminho para quem pretende se tornar um astro no basquete? Olha, se esta pergunta fosse feita há 5 anos atrás, quando simplesmente não havia opção razoável no Brasil, a resposta seria positiva. No entanto, a falta de continuidade por conta desta rotina migratória e o trabalho em equipes e divisões de qualidade duvidosa, criam uma incerteza muito grande.

Vale lembrar que dos 5 brasileiros que hoje têm carreiras consagradas no exterior, apenas Tiago Splitter saiu do Brasil sem antes brilhar por aqui e, mesmo assim, firmou-se muito cedo no time principal do Baskonia, onde ficou 7 temporadas (desde os 18 anos de idade). Nenê (Vasco da Gama), Leandrinho (Bauru), Anderson Varejão (Franca) e Marcelinho Huertas (Paulistano) saíram do Brasil já consolidados como astros de suas equipes e com propostas que lhe garantiam perspectivas reais no exterior.

Por isso, é bom ficar de olho para que o sonho europeu não se torne uma furada irreversível na carreira.

8 comentários:

  1. Creio que hoje é melhor passar mais um tempo jogando NBB, se estabelecer por aqui, e lá pros 21 anos seguir com mais dignidade pra Espanha.

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  2. O problema dos brasileiros aquí ña Espanha é pela condiçao que a mayoría tem! A de nao ter nacionalidade espanhola ou de algún país europeu! Todas as equipes deven ter, obligatoriamente, no mínimo 4 jogadores selecionaveis ( espanhois ou com nacionalidade q nao tengan jugado com a selecto de seu país) e no máximo 2 extracomunitarios!
    O melhor é que consigam a nacionalidade europeia!!!

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  3. Na minha opinião jogar na europa (Espanha no caso) não garante transformar ninguém em craque de basquete. Os times europeus apostam em jogadores que entendem ser de futuro e cada um faz sua própria carreira.

    Jordan Burger, por exemplo, voltou esse ano da Espanha e não mostrou grande serviço no Paulstano. Acredito que teve bom treinamento por lá, mas não se desenvolveu. Seria diferente aqui? Treinamento é uma coisa, talento é outra. Betinho ficou no Brasil, é bom jogador, mas não é nenhum craque.

    Na minha opinião o problema é que, como temos "sede" de bons jogadores, apostamos muito naquilo que não vemos. Ou seja, jogadores jovens que atuam na Europa ou EUA passam a ser grandes esperanças que muitas vezes não se concretizam. JP, Baby, Tavernari, são, para mim, casos assim. Quando estavam fora eram vistos como grandes esperanças, quando ficaram mais próximos decepcionaram.

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  4. Fernando, estou contigo nessa. A não ser que seja um caso completamente fora de série, de um jogador que domine todas as categorias de base pela seleção, não vale a pena se jogar de qualquer maneira na Europa.

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  5. Patri, valeu pelo comentário!

    O problema da nacionalidade é mais fator que torna complicada a vida dos brasileiros na Espanha. Mas mesmo quando eles conseguem obter a cidadania de algum país europeu, ainda enfrentam essa situação de instabilidade.

    Infelizmente, os clubes europeus preferem trabalhar com quantidade, ao invés de investir na qualificação de suas promessas. Há clubes que possuem os direitos federativos de dezenas de jogadores. Esses jogadores são espalhados em clubes por todas Espanha através de empréstimos.

    A ideia do clube é ficar observando o desenvolvimento do jogador. Se der certo, pode vir a ser aproveitado.

    Infelizmente, essa tática muitas vezes acaba contrariando o melhor interesse dos atletas.

    Não acho que os brasileiros devam parar de tentar a sorte no exterior. Só acho que eles deveriam pensar com mais calma, não aceitar qualquer proposta e impor algumas condições para sair do Brasil.

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  6. jdinis, concordo plenamente contigo. E há muitos jogadores no país jogando mais bola do que atletas que estão lá fora.

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  7. Não tenho muita noção disso, mas eles tem possibilidade de voltar??
    E o nível deles é comparado com o nível de quem aqui no Brasil??

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  8. Precisamos pesar o $ que eles recebem na europa...mesmo não tendo oportunidades ou jogando em divisões menores deve ser muito bom! Alguém tem idéia por exemplo quanto gannha um jogador do Cetaf ou Araraquara? Não deve passar R$2000.00, salvo americanos... ai fica dificil

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