Rafinha, o próximo grande armador brasileiro

Confesso que há um tempo estou esperando um mote para escrever esse artigo. Tenho laços afetivos no ES e por conta disso, já estive em jogos do Cetaf e do Saldanha algumas vezes. Além disso, acompanhei com especial interesse a experiência de Paulo Murilo pelas terras capixabas e um jogador em especial me chamou atenção, por tais razões: Rafinha, armador que atuou no Saldanha no NBB 2 e no Cetaf no NBB 3.

Nascido em 1988, trata-se, ao meu ver, de uma revelação pouco comentada de nosso basquete. Pois ao conduzir o modesto Cabo Frio ao título dos Jogos Abertos nacionais, sendo por muitos considerado o melhor jogador da competição, meu problema de mote acabou e posso afirmar, sem parecer que tenho interesses em promover alguém, que trata-se de uma das maiores promessas do basquete nacional.

Acredito que a posição 1 é uma das mais carentes do país. Valtinho, Nezinho e Fúlvio há tempos são os principais atletas brasileiros e todos já estão com idade em que não se espera mais evolução. Da nova geração, temos de parar de considerar Benite como um 1. Benite é um excepcional escolta e será o nome para a posição na seleção brasileira para a próxima década. Raulzinho, 4 anos mais novo que Rafinha, já é um grande nome, mas ainda não tem idade para assumir grandes broncas internacionais (embora seja o grande nome da geração de 1990).

No entanto, ninguém além do ótimo Paulo Murilo, se lembra do atleta. Provavelmente a reação ao ler este artigo de muitos será, ou de desdém, ou de curiosidade. Outros irão confundi-lo com Rafu, outro atleta do basquete capixaba. Tentarei, em linhas gerais, falar sobre o estilo do armador, embora considere que a melhor maneira de defender minha tese é mostrando um jogo do atleta.

Rafinha terminou a temporada no Cetaf com 11 pontos por jogo, 51% da linha de 2 e 31% da linha de 3, além de 3 rebotes, 3 assistências, 1 roubada e 2,5 erros por jogo. Se a equação assistência-turnover não impressiona, acredito que poucos jogadores têm tanta facilidade no drible como ele (aposto que tem influência de Paulo Murilo aí). Além disso, trata-se de um armador agressivo e que tem opções com fundamentos bastante desenvolvidos. No entanto, sua maior qualidade me parece estar na defesa. Não que ele esteja no nível defensivo de Eric Tatu, mas é possível ser uma opção bastante sólida.

Nada contra Cabo Frio e os Jogos Abertos, mas vê-lo submetido a isso me causou bastante mal-estar. Rafinha deveria estar em grandes elencos brasileiros. O número de armadores estrangeiros que tem vindo para cá escancara a nossa debilidade na posição, casos de Larry Taylor, Muñoz, Figueroa, Borders, Stockman e Sucatzky.

Viciados nos nomes de sempre, os técnicos e dirigentes brasileiros pouco prestaram atenção que no deserto de novidade de nosso basquete, um armador de 23 anos tem aparecido para marcar seu nome na posição. Não o conheço, o entrevistei apenas uma vez, mas espero, de longe, que algum time dê oportunidade para que ele mostre seu jogo no NBB 4. Aposto que trará ainda mais impacto em um time que tenha organização tática e algum apreço pela bola, coisas que o Cetaf esse ano passou longe.