Bons e sem mercado

O mercado do NBB passa por um momento bastante peculiar. Não me parece o mais feliz e aponta num sentido bem complicado que esperamos que seja apenas impressão nossa. Algumas equipes estão conseguindo (felizmente) aumentar as receitas, organizar-se melhor e investir mais forte. De outro lado, equipes que foram competitivas têm caminhado em direção do abismo ou ameaçando fechar ou reduzir drasticamente seu poder.

Com isso, a liga pode perder o que teve de melhor na sua terceira edição: o equilíbrio. Flamengo, Pinheiros e Brasília estão em um patamar superior. Uberlândia, São José, Limeira, Franca e Bauru logo abaixo, mas podendo vencer qualquer um dos de cima jogando em casa. A partir daí, a diferença promete ser gritante. Assis fechou. Joinville e Araraquara ameaçam, mas não devem encerrar as atividades, ficando com uma equipe bem modesta. A partir daí, nenhum time promete nada além de luta e busca da dignidade. Alguns dirão que é normal um campeonato ter uma elite e essa diferença. Eu veria com outros olhos. No entanto, o tema do artigo não é esse. Essa é apenas uma introdução.

O tema do artigo é que, com essa reconfiguração do nível de forças financeiras do campeonato, alguns jogadores que têm bom nível estão ficando sem mercado. Enumerei os 10 melhores, na minha opinião, que obviamente é uma maneira de ver as coisas, dentro do meu critério de ver o jogo.

10) Adriano Machado

Assis fechou as portas e um dos mais intimidadores atletas do NBB está sem ofertas. 2,08m e grande capacidade física garantiram a Adriano temporadas bastante interessantes em Londrina e Assis. No entanto, apesar de não ser fácil achar jogador com essas características, o mercado parece fechado para Adriano até que muitas coisas se definam. É possível que na reta final de acerto dos elencos surja algo. No entanto, por ora, Adriano está sem mercado, o que considero uma lástima.

9) André Góes

André fez ótimo NBB 2 pelo Joinville crescendo muito nos playoffs o que rendeu sua transferência para o Pinheiros como uma das peças fundamentais do projeto do time para essa temporada. No entanto, o estrelado elenco da capital paulista acabou obscurecendo seu bom nível de jogo e André se tornou uma peça bastante esquecida no time. Chegou a ganhar algum espaço fazendo a função de armador improvisado por João Marcelo, mas longe de jogar seu basquete que o levou à seleção brasileira no ano anterior. André não teve seu contrato renovado e agora está sem mercado. Terá que aceitar uma boa redução salarial e ainda assim, sem muitos times buscando reforços no mercado, esperará até às vésperas da competição para escolher o melhor caminho. Talvez algum time precise ter um bom olhar e buscar, ao contratar em baixa, fazer um bom negócio porque potencial André já mostrou que tem.

8) Guilherme Filipin

É verdade que Guilherme fez algumas escolhas ruins na sua carreira. Mas também tem dado muito azar. Por onde passou, teve de lidar com problemas de atrasos de salários. No entanto, esse ano a coisa foi ainda mais triste. Assim que terminou a temporada, já assinou com Assis a fim de não passar mais perrengues. No entanto, apenas uma semana depois surgiu a notícia de que o time fecharia! O ala tem incrível capacidade de pontuar e, se estiver em forma, pode ajudar qualquer equipe com seu bom chute de média distância e sua intensidade nos momentos finais.

7) Rafinha

Já escrevi sobre Rafinha e seria um contrasenso não colocá-lo nesta lista. O armador é tão sem mercado que aceitou jogar os JABs pelo time de Cabo Frio! Na ocasião foi campeão e considerados por muitos o melhor jogador da competição. Atualmente está em Vila Velha esperando contato do time do Cetaf, onde jogou ano passado. No entanto, está sem contrato e sem propostas, mas sabe-se que apenas o time de lá indicou algo no sentido de contar com seus serviços para a próxima temporada. Sobre as qualidades do jogador, já mencionei aqui.

6) Manteguinha

Chegou a ser noticiado que Manteguinha já havia fechado com o Tijuca, o que não é verdade. Manteguinha recebeu proposta e não ficou inteiramente satisfeito. Assim sendo, fez uma contra-proposta que ainda está sendo analisado pelo time tijucano. O valor é acima da média salarial da equipe que ainda tenta viabilizar. Sem mercado no exterior, provavelmente terá que aceitar uma grande redução salarial para continuar jogando no NBB. E, pior que isso, terá que acreditar em algum projeto que está começando, uma vez que as portas dos principais contratantes parecem fechadas no momento.

5) Tony Stockman

Outro que sofre com o fechamento de Assis. Sinceramente, não consigo entender qual o problema dos dirigentes brasileiros em relação a Tony Stockman. Pai de família responsável fora de quadra, excelente jogador dentro dela, Tony é uma proposta das mais seguras que pode existir para times de baixo ou alto orçamento. Já aceitou sem reserva em Franca sem reclamar, já foi líder em Assis, tem ótimos números e pede um salário muito abaixo de jogadores de seu mesmo nível brasileiros ou estrangeiros. Além de tudo, é louco pelo Brasil e adoraria jogar no NBB mais uma vez, como sua esposa não cansa de repetir nas redes sociais.

4) Paulinho

Cestinha nato, o escolta que jogou em Joinville passa por caso um pouco diferente. Considerado jogador de nível e bom salário para o basquete nacional, trocou o Paulistano pelo time catarinense seduzido por uma ótima proposta (sua transferência causou até polêmica na época, pela forma como foi conduzida). No entanto, as coisas não foram cumpridas como prometidas em SC e o time agora passa por severa crise. Como outros times que poderiam contratá-lo já fecharam contratações, o atleta se vê sem mercado. Como tem passaporte italiano, já começou a ouvir propostas do Velho Continente para voltar a jogar na Lega, por onde passou na temporada retrasada. Não é o tipo de jogador que a LNB pode perder.

3) Joel Muñoz

Enquanto aguarda definições capixabas, é sempre oficial dizer que os atletas de Vitória estão a espera de soluções. O que significa que contratar Muñoz é sempre uma possibilidade. No entanto, entra ano e sai ano, nenhum time de ponta atenta para as qualidades do fenomenal panamenho. Essa dá pra entender ainda menos que no caso de Stockman. Não tenho dúvidas que durante o Pré-Olímpico vai ter dirigente lamentando que gastou seu orçamento em atletas muito mais caros e menos interessantes que o excepcional armador.

2) Jeff Agba

Autêntico cinco mas que é móvel, tem bom arremesso de média de distância, intensidade na disputa de bolas e talento comprovado jogando por aqui, Jeff passa por caso parecido ao de Robinson. Comprovou seu talento e queria mais. Alguns times se assustaram com a pedida e hoje já se fala que o atleta terá que jogar em outra liga sulamericana (seu nome já está sendo sondado na Argentina). Bauru bem tentou, mas a proposta não agradou ao jogador, que preferiu se desligar da equipe.

1) Bernard Robinson

Com passagem pela NBA e excelente primeira temporada no NBB, Robinson buscava ser valorizado para continuar por aqui. É comum isso acontecer. Jogadores estrangeiros pedem menos na primeira temporada e depois que mostram sua capacidade, jogam alto. No entanto, com o andar da carruagem, as equipes que teriam bala na agulha não mais podem contratá-lo. Trata-se de uma perda gigantesca para nossa liga se nenhuma equipe for buscá-lo, uma vez que com tempo, Robinson poderia realmente mostrar todo seu arsenal por aqui. Quem pôde acompanhar, ainda que em momentos muito inconstantes, seu jogo explodir em algumas partidas sabe o quanto ele realmente poderia ser dominante e ajudar a equipes conquistarem títulos por aqui. Sua chegada, porém, coincidiu com um momento bem confuso do Minas e Bernard não conseguiu levar a equipe muito mais longe. Ainda assim, basta acompanhar uma partida sua para notar que está acima dos demais.

E aí, concordam? Discordam? Acham que esqueci de alguém? Deixe seu recado na caixinha. Vai que algum diretor do NBB se solidariza... Ao menos foi isso que me motivou a escrever essas notas.