terça-feira, 26 de abril de 2011

Os lamentáveis minutos finais

Estive na HSBC Arena (Rio de Janeiro), onde Flamengo e Bauru travavam um duelo interessante pela segunda rodada das quartas-de-finais dos playoffs do NBB. Parecia que o roteiro do Jogo 1 se repetiria, mas com os papéis invertidos. Se no interior paulista Bauru começou esmagando o time do Flamengo e quase permitiu uma virada histórica, aqui foi o time rubro-negro que permitiu a reação depois de uma primeira etapa fulminante.

No entanto, conforme a diferença no placar era reduzida, o clima começou a esquentar dentro e fora da quadra. Na "tribuna" da HSBC Arena (área central das arquibancadas inferiores, onde ficam misturados dirigentes e jornalistas), um dirigente de Bauru, animado com a reação da sua equipe, começou a fazer um assobio contínuo e ensurdecedor a cada posse de bola do Flamengo. Inconformado com a atitude do convidado, um grupo de dirigentes do Flamengo determinou que o tal assobiador parasse ou que se juntasse à área onde estava localizada uma pequena torcida de Bauru. Como o rapaz não curtiu a "chamada", a coisa quase evoluiu para a truculência, com troca de ameaças e acusações.

O curioso é que logo após este incidente, o clima quente se transferiu para a quadra. O placar marcava uma diferença de apenas 5 pontos a favor do Flamengo, com pouco mais de 1 minuto para o fim do jogo, quando Marcelinho recebeu uma falta boba de Larry Taylor, supostamente no estouro do cronômetro (eu estava twittando na hora e a campanhia não foi tocada, mas os próprios dirigentes do Flamengo que estavam próximos confessavam que o cronômetro já havia estourado). Aí começou a confusão: Guerrinha enfurecido falou cobras e largatos para arbitragem e a mesa, sendo repreendido com uma falta técnica aplicada por Sérgio Pacheco, que mantinha a marcação da falta. 

A reclamação continuou e apenas cerca de 5 minutos depois Sérgio Pacheco convocou todos para frente da mesa para anunciar que estava cancelando a falta (por estouro no cronômetro) e mantendo a técnica no Guerrinha. Foi o ingrediente que faltava para transformar o final da partida em caos. Marcelinho deu um xilique daqueles já conhecidos e esmurrou a mesa, recebendo prontamente uma falta técnica.

Por incrível que pareça, a partida recomeçou e a vantagem de 5 pontos no placar foi mantida até que, quando faltavam cerca de 20 segundos para o fim, o Flamengo recuperou a posse de bola. A equipe de Bauru tinha a opção de fazer a falta para levar Marcelinho à linha de lance livre, mas injustificadamente deixou o tempo passar. Quando faltavam apenas 9 segundos, Fischer finalmente resolveu que era hora de fazer uma falta, e o fez de forma mais dura no ala-armador do Flamengo, que ameaçou retribuir com uma peitada. Acabou recebendo uma bolada de volta. Falta técnica em Fischer e arremessos displicentes (tabelados) de Marcelinho na cobrança dos lances livres. Depois de cada cobrança, o jogador do Flamengo virava para trás para procurar e trocar provocações com Fischer.

No lance seguinte, Jeff Agba aplicou uma rasteira em Duda, sendo imediatamente desqualificado. Finalmente terminava o papelão em que se transformara a partida. Ah sim! O placar foi Flamengo 79 x 71, mas o saldo foi o seguinte:

Flamengo - Começou jogando uma das melhores partidas da temporada, com o time jogando coletivamente e Marcelinho acertando tudo. No entanto, a partir da metade do terceiro período parou de jogar e, para piorar, (mais uma vez) perdeu-se emocionalmente.

Bauru - Assim como ocorreu na temporada regular, na partida realizada no Rio de Janeiro, teve um início desastroso, sendo completamente dominado pelo Flamengo. Estragou a chance da virada na segunda etapa ao se perder emocionalmente junto com o Flamengo. Para piorar, Jeff Agba apelou para a violência faltando apenas 4 segundos para o fim. Dessa forma infantil, desfalcará o seu time na partida de amanhã.

Arbitragem - A grande vilã da noite. A partida parecia se encaminhar para um final eletrizante não fosse uma marcação ao que tudo indica equivocada, e que só foi corrigida 5 minutos depois, fazendo com que todo mundo perdesse a cabeça.

Tomara que amanhã as equipes voltem à quadra determinadas a resolver as diferenças apenas na bola.

15 comentários:

  1. Também estive no jogo, não reparei se houve o estouro do cronômetro neste famigerado lance, mas não vi a falta ser anulada não. Tanto que o Marcelinho cobrou 4 lances (dois da falta do Larry, dois da técnica). Na minha opinião, o problema da arbitragem foi querer levar o jogo com muita conversa, especialmente nesse final.

    Quanto ao papelão da arquibancada, me parece ranço de futebol, típico de dirigentes do Fla. E pensar que nos EUA, torcedores adversários trocam "provocações" em clima de diversão, como narrou o Rodrigo Alves recentemente em seu blog...

    Abraços!

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  2. Oi Victor, a falta foi anulada sim. Eu estava bem na frente do Pacheco, quando ele anunciou. Não houve cobrança de lance-livre, mas sim reposição de bola (equivocadamente para o Fla, já que deveria ter sido estouro de 24 segundos).

    Você deve estar se confundindo (e como não se confundir, com tanta confusão?) com o lance do Fischer. Ali sim o Marcelinho cobrou 4 lances livres consecutivos (a falta e a técnica).

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  3. Tenso esse fim de jogo. Tomara que não tenhamos novos papelões nesses playoffs. Já basta o que rolou na final do ano passado (com direito a chinelada).

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  4. Todo mundo já sabe da "vontade" que marcelinho tem de apitar o jogo. A arbitragem tem q ser mais rigoroso com ele sem fala q ele sempra tá no meio das brigas. Joga mto, mas é um tremendo de um ridiculo (pra num fala outra coisa).

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  5. É Alfredo, então devo ter me confundido, lembro vividamente dos quatro lances livres, mas deve ter sido na sequência. É que estava lendo o Lance! nos intervalos, e ainda fui cair na burrice de tentar entender louco balanço da CBB...

    Espero conseguir entender mais do jogo amanhã! Já comprei o ingresso!

    Abraços!

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  6. Quanto a confusão envolvendo um dos dirigentes do Bauru, o rapaz estava comportado o jogo inteiro, no final do jogo iniciou os assobios, mas parou imediatamente quando um dos componentes da direção do flamengo pediu educadamente, contudo, o marido da Patricia Amorim, sem justificativa e dando mal exemplo para a torcida, resolveu chamar o rapaz da briga e exigir que ele se retirasse. Contudo, o rapaz euducado, pediu desculpas pelos assobios e disse que não havia motivos para tal exaltação, afinal, nas cadeiras não tinham divisão de torcidas. Contudo, em atidude arbitrária, os seguranças retiraram o rapaz dizendo que o "cara" é o marido da presidente e por isso a ordem e atitude dele deveria ser obedecida. Assim, alguns componentes do flamengo que estavam perto da situação tentaram defender o rapaz, mas infelizmente não tiveram sucesso, pois a direção do CRF continuou fazendo ameaças e coagindo o rapaz sem necessidade alguma. Por fim, o rapaz para evitar maiores confusões, obedeceu as ordens esdrúxulas.

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  7. Tenho pena dos jogadores do flamengo, que pagam o pato pela direção sem profissionalismo e ainda sem educação, DIREÇÃO SEM ÉTICA!!! O exemplo tem que vir de cima!!

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  8. Olá Anônimo das 10:10,

    Infelizmente, eu pude acompanhar essa confusão de perto. Afinal, eu estava a não mais do que 10 metros de todos os envolvidos.

    Na minha visão, faltou bom senso a todos, a começar pela (eterna) falta de organização no setor de convidados e imprensa.

    Sobre o dirigente de Bauru, ele tem todo direito do mundo de torcer e fazer o barulho que quiser, mas com toda a HSBC Arena à disposição, o rapaz foi escolher para fazer o assobio ensurdecedor justamente a área onde havia dirigentes do Flamengo e pessoas concentradas trabalhando, o que foi também uma tremenda falta de bom senso.

    O embate que se seguiu também não teve toda essa calma e delicadeza que você relata, apesar de eu não fazer ideia do nome e cargo das pessoas envolvidas. Ouvi desde um "fica na sua, torço como quiser" até "sai daqui agora, seu maluco". Ou seja, faltou bom senso a todo mundo, ajudando a tirar o brilho do evento principal: Flamengo x Bauru.

    Espero que todos possam refletir sobre o episódio ao longo do dia, a fim de que a postura seja outra.

    Um abraço,

    Alfredo

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  9. Arbitragem é muito paternal com as estrelinhas do basquete brasileiro. Claro que não só aqui mas no mundo as estrelas são poupadas de certas faltas e recebem marcações inexistentes mas a falta de respeito com a arbitragem deve ser punida rigorosamente. Se ficar passando a mão em atitudes ridiculas como a do Marcelinho e outros por ai, como foi a a do Bial naquele S.Jose e joinville essas coisas nunca acabarão!

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  10. Sou fã do basquete há muitos anos e de futebol anos mais, e antigamente estranhava quando nos jogos de basquete, via torcedores de times rivais sentados lado a lado e vibrando com seus times, sem maiores problemas!
    Nos jogos em Bauru, por serem muitos no Brasil todo, sempre há a presença de torcedores do Flamengo, e nunca houve maiores problemas, em que pese inúmeros exemplos de falta de postura de jogadores, comissão técnica e dirigentes rubro-negros!
    Mas, como é de costume, parece que o Flamengo quer sempre ganhar no fórceps, na bruta e no grito, e começam as baixarias!
    Antes de ver ao vivo o jogador Marcelinho, o admirava, depois de vê-lo em ação nos jogos do NBB em Bauru, tudo foi água a baixo, não é exemplo de postura para nenhum jovem atleta!
    Esperamos os jogos que estão por vir e que vença o melhor em quadra, e não o time que grite e reclame mais, ou que tenha mais influência na LNB!

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  11. Oi André,

    Acho extremamente perigoso a generalização, principalmente porque cubro os jogos do Flamengo há anos e nunca tinha visto qualquer problema semelhante envolvendo dirigentes na tribuna aqui no Rio de Janeiro.

    Acho que nessa hora, devemos deixar as nossas paixões de lado e encarar os problemas de frente, mesmo porque eles têm ocorrido em todas as arenas do NBB. Já tivemos torcedor dando soco em jogador, invasão de torcida, briga de jogadores, briga de dirigentes, briga entre jogadores e dirigentes. Em comum, só o fato de que todos poderiam ter sido evitados.

    Grande abraço,

    Alfredo

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  12. Alfredo, sua análise foi brilhante e imparcial. E digo o mesmo sobre as suas respostas aqui nos comentários. Não vi o jogo, mas a cena descrita do Marcelinho me faz escrever aqui algo que já digo lá em casa faz tempo: O Marcelinho dos trinta e poucos anos pegou todos os defeitos do Oscar de quarta e poucos anos, o que é uma pena.

    Se você me permite, Alfredo, queria abusar desse espaço para fazer uma pergunta. É o seguinte: o filho de uma amiga tem se destacado no colégio jogando basquete e quer entrar numa escolhinha. Eu não soube indicar uma boa escolhinha aqui no Rio, estou por fora do mundo do basquete. Você indicaria alguma?
    Um grande abraço e desculpa pelo texto enorme hehe!

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  13. Beto,

    Concordo plenamente contigo em relação ao Marcelinho. Infelizmente, ele se perde emocionalmente muito facilmente, o que acaba prejudicando demais as suas atuações e o seu time.

    Não sei informar especificamente sobre escolinhas, mas acredito que as melhores opções sejam os clubes que ainda mantém trabalho de base (Flamengo, Fluminense, Vasco, Municipal, Tijuca TC, por exemplo). Nesses clubes, ou pelo menos na maioria, há opções de escolinha.

    Na Zona Oeste, sei que foi iniciado um novo trabalho em Jacarépagua, mas não sei se há opção de escolhinha.

    Um abraço,

    Alfredo

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  14. É uma vergonha o "APITO AMIGO" sempre ajudando o Flamengo, P/ bater o forte Time do Flamengo sempre é necessário bater tmb a arbitragem aí fica difícil o Flamengo é um Grande Time que tem não precisa disso, e o Pacheco pisou feio na bola se ele começar a "pipocar" ai ta danado pois é um dos únicos árbitros que ainda presta!!!CBB ta na hora de investir mais na arbitragem brasileira que é muito fraca!!! Go, Go Franca Basquete!!!!

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  15. Francano falando de apito amigo, pode Arnaldo?

    E acho que o jovem confundiu a CBB com o NBB, que NÃO PUNIU FRANCA PELA AGRESSÃO DO TORCEDOR AO VALTINHO.

    A vergonha dessa edição do NBB.

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